Disso não posso esquecer
Entre o chiado do arame
o transe do corpo a magia
O batuque da
ancestralidade que me enebria
Mandinga de escravo em ânsia de criação
Amor e ódio firmes na
mesma junção
Dos ritos da negaça, a
esquiva vira arma
E o guerreiro se faz
livre no coração e na alma
Quis matar a Isabel, me
pediram calma
Décadas depois, meu
povo ainda sente o trauma
O chicote do feitor não
fere mais minha pele preta
O capitão atual, não
pode me ver
De bermuda e bombeta
No feitiço do bailado,
peço a minha proteção
Trago guardada a
navalha, de meu pai a oração
Meu sangue ferve nas
veias, pulsa e ginga pra valer
Eu nasci pra capoeira,
disso não posso esquecer.
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