quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Entre os ritos da Negaça

Disso não posso esquecer

Entre o chiado do arame o transe do corpo a magia
O batuque da ancestralidade que me enebria
Mandinga de escravo em ânsia de criação
Amor e ódio firmes na mesma junção
Dos ritos da negaça, a esquiva vira arma
E o guerreiro se faz livre no coração e na alma
Quis matar a Isabel, me pediram calma
Décadas depois, meu povo ainda sente o trauma
O chicote do feitor não fere mais minha pele preta
O capitão atual, não pode me ver
De bermuda e bombeta
No feitiço do bailado, peço a minha proteção
Trago guardada a navalha, de meu pai a oração
Meu sangue ferve nas veias, pulsa e ginga pra valer
Eu nasci pra capoeira, disso não posso esquecer.


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